Saul Klein, filho do fundador das Casas Bahia, pede antecipação de herança após ser internado em UTI
07/08/2025
(Foto: Reprodução) Saul Klein
Reprodução/Prefeitura de Araraquara
O empresário Saul Klein, de 71 anos, filho do fundador das Casas Bahia, entrou com pedido de liminar na Justiça de São Paulo para antecipar a sua parte na herança do pai, que morreu em 2014.
Há mais de dez anos a disputa pela fortuna bilionária de Samuel Klein se arrasta entre os herdeiros e irmãos Michael, Eva e Saul, sem perspectiva de desfecho. O processo tramita pela 4ª Vara Cível do Foro de São Caetano do Sul.
Segundo a defesa do empresário, condenado em R$ 30 milhões por tráfico de pessoas para fins de trabalho escravo sexual em 2023, Saul está sofrendo com despesas elevadas com cirurgias, internações, medicamentos, cuidadores e convênio de saúde.
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Em 11 de julho, o empresário — caçula do fundador das Casas Bahia — precisou realizar uma cirurgia emergencial. Ele foi encontrado em casa em estado grave, com uma infecção generalizada causada por uma perfuração de úlcera gástrica hemorrágica.
Em seguida, Saul foi encaminhado à Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Vila Nova Star, um dos mais caros de São Paulo. Procurado, o hospital não informou o estado de saúde dele.
No relatório, assinado pelo médico Roberto Sebastian Zeballos e anexado à liminar, também é descrito que Saul apresentou anemia intensa durante a internação, com necessidade de transfusão sanguínea e cirurgia em caráter de emergência.
"Por isso, é fundamental que o senhor Saul Klein se proteja e se blinde de situações estressantes por pelo menos três meses", afirma o médico.
Os advogados que representam o empresário ainda alegam que "Saul necessita, com urgência, de amparo material e tranquilidade mínima para viabilizar sua recuperação" e que ele "luta pela própria sobrevivência".
O juiz José Francisco Matos deu prazo de 15 dias para as partes se manifestarem. O g1 tenta contato com a defesa de Michael Klein, responsável pelo inventário.
Condenação por tráfico de mulheres
Saul Klein foi condenado, em 14 de julho de 2023, pela Justiça do Trabalho a pagar uma indenização de R$ 30 milhões por aliciar jovens mulheres e adolescentes com falsas promessas de trabalho e as explorar sexualmente, submetendo-as a condição análoga à escravidão.
A decisão da Justiça foi uma resposta à ação civil pública movida pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) em outubro de 2022.
Relembre denúncias contra Saul Klein
No documento, o órgão dizia que "o desprezo do réu pela dignidade das mulheres, sua autonomia, liberdade e saúde sexual viola o pacto social e normativo de respeito à condição humana".
Segundo investigado pelo MPT, Saul atraía jovens entre 16 e 21 anos que estavam em situação de vulnerabilidade social e econômica, oferecendo trabalhos de modelo.
As moças eram inseridas num esquema de exploração sexual no sítio do empresário, em Boituva, no interior de São Paulo.
Durante dias, elas eram obrigadas a manter relações sexuais com o réu, enquanto ficavam sob forte violência psicológica e vigilância armada.
O órgão também averiguou que a privação de liberdade e as práticas sexuais forçadas causaram "graves consequências psicológicas para as vítimas, [que] ainda foram contaminadas por doenças sexualmente transmissíveis".
Na sentença, a Justiça do Trabalho destacou que o esquema no qual o empresário estava envolvido "feriu aspectos íntimos da dignidade da pessoa humana, causou transtornos irreparáveis nas vítimas e mudou definitivamente o curso da vida de cada uma delas".
O poder judiciário considerou também que Saul se utilizava de sua grande influência e poder econômico para praticar os crimes, o que implica que pode realizá-los novamente.
A condenação de Saul se tornou a maior do país por tráfico de pessoas e a segunda maior por dano moral coletivo pela prática de trabalho escravo.