Unicamp 2026 traz questões sobre IA, Covid-19 e quilombolas no primeiro dia da 2ª fase
30/11/2025
(Foto: Reprodução) Unicamp 2026: veja tudo o que você precisa saber sobre o vestibular
O primeiro dia de provas da segunda fase do vestibular da Unicamp foi realizado neste domingo (30), em 17 cidades de São Paulo e seis capitais, e reuniu questões sobre temas sociais, de saúde, de linguagem, de tecnologia e de meio ambiente.
➡️ As perguntas abordaram assuntos como:
ginecropolítica
variação linguística quilombola
inteligência artificial
Covid-19
rótulos de alimentos
sentidos do termo “corre”
contaminação de salmões por ansiolíticos no mar Báltico
Para a redação, a “machosfera” e o discuso de ódio contra as mulheres e a importância histórica da CLT foram as duas propostas de temas - o que confirmou uma tendência da Unicamp de capturar os grandes temas sociais polêmicos do ano, segundo um professor.
'Questão criativa e divertida'
Entre os destaques do dia esteve a questão sobre variação linguística quilombola, apresentada por meio de exemplos de fala e pedindo a identificação de características próprias dessa comunidade.
Eduardo Oliveira Campanini, de 18 anos, é morador de Pouso Alegre (MG) e tenta uma vaga no curso de geografia. Ao sair da prova, ele destacou justamente essa questão como uma das que mais o impactaram.
“Eu me senti muito atraído por ela, por conta um pouco da facilidade que eu senti por fazer. E porque eu não esperava encontrar esse tipo de questão na prova, que a gente tinha que identificar toda a linguagem deles, tudo. Eu achei uma questão muito criativa e até muito divertida de se fazer", disse.
O estudante João Francisco Rubbo Nobre, de 18 anos, quer ingressar no Curso 51, conhecido como o “cursão” de exatas. Para ele, o destaque da prova foi a interdisciplinaridade.
"Foi mais ou menos o que eu esperava. A questão dos livros mesmo, da coletânea de leituras, foi uma integração. Eu percebi que eles estão cada vez mais, nos últimos anos, criando mais diálogo entre as matérias. Então não é algo tão separado em caixinhas", analisou.
Estudantes realizam a segunda fase do vestibular da Unicamp
Pedro Amatuzzi/g1
Análise geral
Para a professora Vera Lúcia Antunes, coordenadora pedagógica do Objetivo, a prova foi “inteligente”, de “alto nível” e “atual”. “Uma prova onde o foco foi a denúncia da violência contra mulher, o receio da mulher de morrer na mão de homens”, disse.
"Outra coisa importante nessa prova foi a diversidade social relevante nas questões da língua portuguesa, muito importante isso", frisou.
Já Viktor Lemos, diretor geral do Curso Anglo, destacou que a prova de literatura, apesar de abordar somente duas das obras pedidas na lista, teve um nível de dificuldade alto. Outro ponto que chamou a atenção foi o fato de a prova de inglês parecer estar ganhando cada vez mais espaço.
“A Unicamp mostra se tratar de uma prova muito bem contextualizada, com uma escolha adequada e pertinente de temas e de gêneros textuais, e também uma prova que vai selecionar muito bem os alunos para uma das mais relevantes universidades do país”, analisou Lemos.
Diretor do curso pré-vestibular Oficina do Estudante, Wander Azanha classificou a prova do primeiro dia da segunda fase como “bastante interessante”. “As questões estavam um pouco mais complexas, mas isso já era esperado em uma prova dissertativa da Unicamp”.
"Em literatura, segundo os professores que acompanharam a prova, houve um nível extra de dificuldade: quem não leu as obras obrigatórias teve grande dificuldade para resolver os exercícios. Apenas assistir a vídeos-resumo ou ler sinopses não foi suficiente. A leitura completa dos livros foi essencial", destacou.
Dois dias de provas
A Unicamp realiza, neste domingo e segunda-feira (1º), a segunda fase do Vestibular 2026. Ao todo, 13.045 candidatos foram aprovados para essa etapa e concorrem a 2.530 vagas em 69 cursos de graduação.
Em ambos os dias, a prova começa às 9h, com duração máxima de cinco horas. O candidato pode consultar o local pela internet.
A segunda fase é constituída de provas com questões dissertativas. Elas têm uma parte comum para todos os candidatos e uma parte diversificada, que varia de acordo com a área de conhecimento do curso escolhido em 1ª opção (ciências biológicas/saúde; ciências exatas/tecnológicas; ciências humanas/artes).
Cada questão dissertativa vale quatro pontos, sendo que cada uma contém dois itens valendo dois pontos cada. As provas obedecem à seguinte distribuição:
📝 Primeiro dia
Prova comum a todos os candidatos:
prova de redação, que apresenta duas propostas de texto (os candidatos escolhem e desenvolvem apenas uma);
prova de língua portuguesa e literaturas de língua portuguesa, com 6 questões;
prova interdisciplinar, com 2 questões de língua inglesa e 2 de ciências da natureza.
📝 Segundo dia
Inclui uma parte comum e outra específica, de acordo com a área do curso escolhido.
Todos os candidatos fazem:
prova de matemática (com 6 questões para cursos da área de exatas/tecnológicas e 4 questões para os demais) e prova interdisciplinar de ciências humanas, com 2 questões.
Provas de conhecimentos específicos:
candidatos de ciências biológicas/saúde fazem: biologia (7 questões) e química (5 questões);
candidatos de ciências exatas/tecnológicas fazem: física (5 questões) e química (5 questões);
candidatos de ciências humanas/artes fazem: geografia (5 questões), história (5 questões), filosofia (1 questão) e sociologia (1 questão).
As provas de habilidades específicas para os cursos de artes cênicas, artes visuais e dança serão realizadas entre os dias 3 e 5 de dezembro de 2025, somente em Campinas (SP).
Próximas datas
A primeira chamada será divulgada dia 23 de janeiro e os convocados deverão efetivar a matrícula online (não presencial) nos dias 26 e 27 de janeiro de 2026 pelo site da Comvest.
*Estagiária sob supervisão de Gabriella Ramos.
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